domingo, 8 de agosto de 2010

Quero vômitar você de mim.

Acordei sábado acreditando passar da uma hora da tarde, levantei, penteei os cabelos, lavei o rosto e fui almoçar. Na mesa apenas pratos, talheres, arroz, feijão, frango, batata frita e silêncio. Nada a mais a não ser o barulho de nossos dentes triturando a comida. Sai da mesa e fui ao computador, conversei com algumas pessoas, uns eu desejei intensamente estarem perto de mim naquele instante, derrepente uma vontade que veio do nada me fez escutar Alice in Chains enquanto me entupia de bala e a dúvida que me corroia era: O que fazer hoje à noite?
Eram umas três e meia quando uma amiga ligou me convidando para conhecer sua madrinha e seu primo. Coloquei uma roupa estilo "Vou pro rodeio" e fui. Ficamos todos sentados na sacada conversando sobre tudo, comendo bombons e pipocas. Ela me convidou para ir a um churrasco a noite, me animei e resolvi ir. Voltei para casa para me arrumar e ao sair do banho meu celular toca, eram as meninas perguntando se eu iria comer Xis com elas, já tinha decidido ir ao churrasco. Troquei de roupa três vezes e mesmo assim não fiquei satisfeita, mas fui.
Cheguei na casa da minha amiga e esperamos o namorado dela, levamos ele na casa da vó dela e depois voltamos e seguimos rumo ao churrasco. Na metade do caminho minha amiga paralisa: "Lu, respira, fica calma, o teu amigo tá ali na esquina e ele vai te dar oi!" já era tarde, eu já estava em pânico. Ele veio rapidamente na nossa direção e eu abri um sorriso e estiquei os braços com tanto carinho para abraça-lo e tudo o que eu recebi foi um vazio: "Oi.". Nem olhares e nem abraços, para disfarçar eu me abracei, mas minha amiga notou minha cara de frustração e meus olhos cheios de água, foi a cena mais decadente dos meus dezessete anos.
Continuei minha noite como se nada tivesse acontecido, mas nos meus braços eu sentia todo o vazio que ele deixou. Eu estava com raiva e ao mesmo tempo triste e com uma ponta de frustração e tudo o que eu queria era comer, mas a comida parecia tão distante de mim. Demorou mais ou menos uma hora até eu pegar um prato, parecia tudo tão bom exceto pelo arroz que aparentava ser uma salada de frutas de tanta coisa que tinha misturada, tive que ir pescando os grãos de arroz. Depois de comer peguei um copo de refrigerante e ao tomar um gole notei algo estranho na minha garganta, pensei: "Ai meu deus! Ou eu engoli um osso ou tudo o que eu queria dizer pra ele ficou entalado aqui...". Comecei a me entupir de pão e refrigerante para ver se passava, mas nada acontecia, derrepente comecei a ficar com vontade de vômitar e resolvi ir embora.
Saí para fora pra esperar minha vó e minha amiga e o namorado foram junto, eu só olhava pro céu e desejava ficar bem enquanto escutava o barulho dos beijos deles, derrepente os dois me abraçaram e era um abraço verdadeiro e me fez ficar bem por alguns instantes depois disso entrei no carro e fui embora. Ao chegar em casa o encomodo na garganta continuava fui ao banheiro, me olhei no espelho e vi a frustração marcada na maquiagem borrada, olhei para minha escova de dentes e sem exitar peguei ela e enfiei na garganta para ver se eu vomitava, mas nem isso eu consegui. Deitei, assisti Lipstick Jungle, desliguei a TV, liguei o rádio e nada do sono vir, deitei de atravessado na cama, contei carneirinhos e nada. Comecei a chorar e assim descansar os olhos, liguei a luz e fiquei olhando para o teto e pensando: "Don't wanna kiss, don't wanna touch, just smoke my cigarette and sleep..." virei para o lado e notei o lençol manchado de rímel, acho que já chega.
Levantei, bebi um copo de água, fui ao banheiro e voltei para a cama.