domingo, 20 de junho de 2010

"Ele comeu meu coração..."

Naquela manhã acordei ao som da voz da minha vó gritando que o almoço estava pronto, tentei virar e continuar dormindo, mas sem exitar ela abriu a janela, lutei contra os raios de sol que invadiram o quarto me cegando, me obrigando a levantar. Mesmo com todo o sono que eu sentia não estava com um mau humor, almocei, tomei um banho e fui ao curso. Fiz minhas lições observando de canto os ursos de pelúcia que me olhavam da prateleira pendurada na sala . Conheci uma garota legal, conversamos um pouco, seu nome é Marina, pode ser anfetamina ou gasolina. No fim da aula ganhei uma tortuguita de chocolate, comi ela aos poucos, prolongando seu sofrimento, primeiro decepei sua cabeça, depois seu rabo e patas e finalmente seu corpo com uma só mordida. Sai de lá satisfeita.
Mais tarde fui à aula, consegui conservar meu bom humor, passei na casa de uma amiga e enquanto íamos à escola baixei o espirito de algum pipoqueiro e com o peito estufado citei: "A pipoca nada mais é do que um grão de milho usando um vestido de noiva". Juro que não sei de onde isso veio. A aula foi normal, nada de bom para fazer a não ser ler o jornal, procurando sempre previsões no horóscopo, com uma ponta de esperança que ele diga: "Quinta-feira propicia para conhecer o amor da sua vida, dê aquela investida no cara que você tá afim" ou "Jogue nos números 3, 4, 8 e 6, os astros estão dizendo que eles serão sorteados".
Nesse ritmo alegre e bem humorado minha amiga começou a cantar: "Sene sene sene Senegal sene..." e eu: "Ah, logo hoje que eu esqueci meu berimbau em casa..." risos para todos os lados. Cheguei em casa, comi brigadeiro - Dieta descanse em paz... - e corri para entrar no MSN, bisbilhotar o Orkut, mesmo sabendo que não teria nenhuma novidade. Falei com as mesmas pessoas, fiz as mesmas coisas, quando passou da meia-noite lembrei de ver quem estava online, logo notei que ele nunca mais havia entrado no MSN, ignorei a hipótese de ter sido bloquiada e pensei: "O cachorro comeu o computador dele, será?". Depois de tanto pensar, dormi.
No dia seguinte acordei nem tão bem humorada assim, almocei, coloquei os fones de ouvindo e permaneci quieta durante toda a tarde. A noite, como sempre, fui à aula, escutei por mais algumas vezes histórias de amor, mas me mantive firme, naquele momento meu mal não era dor de amor. Vim para casa, liguei o computador, entrei no MSN e, derrepente eu senti meu coração gelar, como um pedaço de carne no congelador. Ele estava amando e não era eu, minha vontade era de gritar: "Seu merda, eu te odeio, mas deixa... quando você broxar eu não vou te consolar, e tenho dito.". Fui deitar sentindo dor de cabeça, afinal, toda essa raiva não faz bem à saúde.
Sábado acordei fingindo que nada havia acontecido, a tarde iria à outra festa junina e me arrumei ao som de Dancing Queen do ABBA, querendo estar no tempo da brilhantina onde seriam os embalos de sábado à tarde. Chegando lá fui assistir uma apresentação de dança alemã, ou tentar, eu poderia ter visto muito mais se não tivesse um garotinho com uma camiseta que tinha como estampa traseira um desenho abstrato, eu, como uma pessoa de imaginação fértil fiquei intrigada criando milhões de objetos. O pouco que assisti fez com que eu imaginasse cucas e batatas. Já que estou aqui, porque não tentar a sorte na pescaria? E lá fui eu, pesquei um desodorante com tripla-ação mancha-roupas e aroma de Cachimir Bouquet, depois disso fui comer. Analizando o "cardápio" e observando as crianças que seguravam enormes pastéis revestidos com gordura, pensei: "Aqui está o foco de propagação da hipertensão infantil...". Eu e minha amiga pegamos nossos pastéis e refris e saímos.
Sentamos no lado de fora do local e saboreamos nosso pastel sabor carne ao vento, enquanto isso uma mulher sentou-se perto de nós e liberou sua indignação: "Meu filho pescou só isso por dois reais? Que absurdo!", dizia ela. Enquanto isso fiquei pensando: "O que ela esperava pescar? Um carro, um celular, um computador?". Depois ela expressou seu arrependimento sobre uma ação que havia feito naquela manhã, a música estava tão alta e eu consegui escutar pequenos fragmentos da conversa: "Marido dormindo... chamei a policia... devia ter olhado antes... me arrependi... depois que faz não dá pra voltar atrás..." e eu: "Acontece, né...". Minha amiga me chamou para irmos à missa e depois tinha o aniversário de um amigo, fiquei empolgada e fui para casa me arrumar, mas aí derrepente o tempo fechou e começou a chover, coloquei meu pijama, deitei com minha mãe para assistir Brothers - Supla, vai ser tesudo assim lá em casa! - só para curtir o som do Kid Vinil.
Mais tarde levantei meio triste, fui pro computador e conversei com meu amigo-namorado, mas aí resolvi deitar e assistir nada mais nada menos que Lipstick Jungle.

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