sexta-feira, 18 de junho de 2010

Joysticks, poodles e amores.

Desde pequena desenvolvi um amor incondicional por computadores, internet e video games, e sempre escutei criticas do tipo: "Isso são coisas para garotos. Vá brincar de bonecas", nunca me afetou, nunca deixei meu console sozinho. Meu paraíso era os finais de semana com os olhos na TV, mãos no controle e cabeça no game, perder os cabelos tentando passar de fase, chorar com o "game over" e pular de felicidade ao conseguir um novo item sempre fizeram parte de mim.
Fui crescendo e crescendo, me obriguei a trocá-lo por bolsas e sutiãs, os games se tornaram lembranças distantes, meu video game foi embora de casa enrrolado em uma linda embalagem, eu podia sentir sua tristeza, fechei os olhos e disse: "Sentirei saudades de assoprar suas fitas, não chore, isso é um adeus..."
Algum tempo depois entrei na onda e virei uma internauta, passei a usar MSN, Orkut e entrar em Chats, deixando de lado o Paint, jogos da Turma da Mônica e o site da Barbie. Aí para minha sorte conheci os MMORPG's, senti meu coração bater, alucinei, joguei, joguei e derrepente enjoei. Continuei vivendo nesse ciclo vicioso, alucinar, jogar, jogar e derrepente enjoar. Eu precisava de algo a mais ou alguém, foi então que por acaso eu o conheci, senti meu coração bater, alucinei, amei, amei e ele nem se quer me notava. Continuei vivendo assim, observando de longe seu cabelo castanho meio caido sobre o olho que balançava, seus olhos também castanhos escondidos atrás de um óculos me transmitiam mistério, indiferença e ao mesmo tempo tranquilidade, sua pele clara me cegava.
Só conversavámos por MSN, descobrimos coisas em comum, eu queria me aproximar, mas tinha vergonha pois naquela idade você se aproximava de um garoto com segundas e até terceiras intenções, mas não eu. No fundo eu só queria jogar video game com ele, talvez comer pipoca, só estar junto à ele seria o suficiente, eu não estava esperando que ele dissese nada do tipo: "Posso me plugar em você?" ou "Quer ver meu joystick?".
Acabei de recordar que foi em uma situação assim que eu dei meu primeiro beijo. O garoto era meu amiguinho, também se ligava em video games, assistia Pokémon, perfeito pra mim, ele me convidou para jogar "The Legend Of Zelda: Majora's Mask" e eu, na minha inocência, fui. Chegando na casa dele o video game não funcionou, fiquei bem decepcionada, mas os garotos em volta ficaram dizendo para a gente se beijar, quase morri de vergonha, e ele também. Ficamos na sacada da casa conversando, eu já estava desistindo foi então que ele fez uma pergunta que me deixou traumatizada: "Será que é a mesma coisa que beijar um poodle?", paralisei e indaguei: "Você tá me comparando com um poodle?". Depois disso ele me deu um selinho e só, nunca mais o vi.
Voltando... Na sala de aula eu ficava com as bochechas rosadas só de saber que ele estava perto, toda vez que eu criava coragem para elogiar sua camiseta com os cogumelos do Mário ele saia. Com o tempo fui desistindo da idéia, e ele trocou de escola, senti sua falta, mas superei e guardei todo esse amor no meu Memory Card.
Anos depois ele me adicionou no Orkut, conversamos por MSN, todo aquele amor vinha aparecendo naturalmente e quando percebi já o amava. Como eu já não era mais tão timida me declarei: "Sabe... Eu sempre quis jogar video game contigo, sempre tentei elogiar seus cogumelos, mas meu sistema estava com muito Lag..." e ele só respondeu: "É? Que pena, eu não quero te desiludir, mas... eu gosto de garotos. É segredo!"
Eu quase cai dura no chão, mas superei, afinal, eu sempre supero tudo, né? Nos tornamos bons amigos e no fim eu fiquei sem um joystick.

Um comentário:

  1. Putz. Que história. Desde os 4 anos jogo video game (Super Mario Kart, Super Nintendo, 13/12/1994). Também passava por essas com os meus colegas, mas era respeitado talvez pelas notas... Logo, foi a mesma coisa, a idade tá chegando e a obrigação de trocar os jogos por uma namorada apareceram... Na visão deles, claro. Também tenho uma história triste, mas seria longo pra uma comentário... Enfim, fabuloso e lastimante, Lu.

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